25ª Paragem 2017: O meu final da qualificação para a Taça Lacatoni!

Trail do Zêzere

Tempo: 03:31:56
Distância: 37.32kms
Classificação Geral: 4º Classificado
Classificação Escalão: 4º SenM

Já vou na minha quarta presença nesta prova, já fiz as versões de 30/38kms, a versão de 70kms mas a prova que não tiro da cabeça é a edição de 2016, onde fiquei em 2º lugar da geral nos 36kms e onde me senti muito bem. Este ano sabia que vinha em crescendo, tal como falei no post sobre o Ultra Trail Serra de Grândola, mas não sabia muito bem como iria reagir o corpo a tão pouco tempo decorrido desde a última competição, numa prova que se antevia bastante dura e com concorrência "feroz". A semana anterior à prova foi feita naturalmente a pensar na devida recuperação de Grândola para tentar que as mazelas no dia da prova fossem praticamente nulas... Tudo ia correndo bem e o treino de quarta e quinta já permitiram esticar um bocado mais as pernas! Na sexta foi praticamente só descansar e preparar o corpo para o que aí vinha.

No sábado reuni com a restante caracolada que ia fazer a prova e que ia acompanhar e seguimos para Ferreira do Zêzere. Quando chegámos a confusão ainda não era muita, a prova grande já tinha partido e a próxima era a nossa... Deu para equipar, preparar toda a prova, ouvir as últimas palavras do meu pai e dar uma volta a correr com o Pedro Ribeiro, para precaver um possível início rápido numa fase inicial da prova praticamente toda a descer. Seguimos para o local de partida, últimas palavras do Luís Graça e após a contagem decrescente de 10 até 0, saímos para a 5ª edição do Trail do Zêzere.

Equipa pronta para a partida
Tal como tínhamos previsto o início foi muito rápido... Os primeiros dois quilómetros foram feitos a 3'30'' e 3'47'' e só uma primeira parede fez com que o ritmo abrandasse! O ritmo abrandou mas ainda assim foi o suficiente para fazer as primeiras diferenças na prova: O Filipe Rosa arrancou sozinho, eu e o Pedro ficámos atrás e logo a seguir vinha o Gomes e o André Duarte, do CA de Ferreira do Zêzere. A subida terminou e tínhamos uma descida que também mais parecia uma parede e mesmo tentando não perder muito, o Pedro saiu logo disparado, o Gomes foi atrás dele e fiquei eu e o André na "perseguição". Os quilómetros que se seguiram levaram a que o Gomes e o Pedro se juntassem ao Filipe e eu e o André ficássemos juntos, sem ouvir ninguém que vinha atrás e a ver o trio da frente cada vez mais longe. Os ritmos continuavam altíssimos e os primeiros 6kms foram feitos por mim em 27'30''... Estava a tentar aproveitar as subidas para ganhar algum terreno, é que nas descidas ainda sentia algumas dores musculares de Grândola e não queria abusar.

Na descida para os 6.5kms, onde tinha o meu pai à espera
Passo pelo meu pai, digo-lhe que me estou a sentir bem, e sigo viagem... Tento também aproveitar os troços planos, ando-me a sentir muito bem nesse tipo de terreno e enquanto houvesse força, tinha que os aproveitar para perder o mínimo possível para o trio da frente! Foi assim até ao quilómetro 8, altura em que há a primeira alteração em relação ao percurso do ano passado, quando entramos numa ribeira viramos para a direita e fazemos uma subida ao lado dessa ribeira e que depois se alonga até ao primeiro abastecimento. Aqui tentei fazer a subida ainda mais forte, tentei correr o maior tempo possível e acabei por ganhar um pouco mais de espaço para o André do que tinha ganho antes... Chego ao abastecimento e não paro, a temperatura ainda não estava alta e mal tinha tocado nos flasks. Arranco para a descida respetiva o mais rápido possível e quando chego aos 13kms, local onde voltámos ao percurso do ano anterior, já não vejo o André atrás de mim. Arranco para mais uma subida a bom ritmo, sinto que a prova me pode correr bem, as dores musculares não estavam a ficar mais intensas e tento ir atrás do prejuízo. Faço a descida em direção ao segundo abastecimento sempre com bom ritmo, aproveito para cumprimentar a Célia Azenha, conhecida de há muitos anos do trail e volto a focar no trilho. Entramos no alcatrão, seguimos até à rotunda e descemos para o abastecimento, tal como no ano anterior. Lá encontra-se a "equipa de apoio" do Caracol e mais uma vez as coisas funcionam perfeitamente... Desde a parte da hidratação, às fotografias e com o meu pai no final para trocar os flasks, foi tudo muito rápido e segui para a prova.

Chegada ao 2º abastecimento
O meu pai diz-me que o trio da frente já levava um grande avanço mas mesmo assim, como me estava a sentir, tinha que tentar "ir atrás". Segui caminho para a fase mais desnivelada do percurso... Assim que saíamos do abastecimento encontrávamos logo uma subida até à estrada nacional, um pequena descida e depois nova subida, mais uma repetição do ano anterior... Uma subida muito inclinada do princípio ao fim e onde voltei a confirmar que o André não vinha perto. Ainda assim aproveitei para fazer a parte final a correr, as sensações eram cada vez melhores e tinha que aproveitar para ganhar no meu terreno "predileto". Assim que terminávamos a subida, uma descida muito, muito inclinada... Nova subida e depois voltávamos às margens do rio Zêzere para fazer a subida à Capela de São Pedro do Castro, um dos locais de passagem da prova acho que em todas as edições que até agora realizei. Aí estava novamente o meu pai, vinha de uma subida a bom ritmo e ainda estava a recuperar o fôlego por isso nem disse nada, sabia que ia dar a volta à capela e aí já o apanhava a descer... Fiz a subida praticamente toda a correr e quando iniciei a descida percebi que até aí as pernas já estavam a responder. Passo pelo meu pai, ele diz-me o atraso que levo para o duo da frente (o Pedro e o Gomes) e o avanço para o André. Infelizmente o atraso já era muito significativo, mas se eu andasse forte e algum deles quebrasse bastante, ainda era possível. 

Conversa com o meu pai, após a passagem da capela
Após este troço, temos uma ligeira descida em alcatrão onde se encontravam vários elementos da organização (uma constante ao longo do percurso) que nos iam encaminhando para a subida com mais desnível da prova, onde atingiríamos o ponto mais alto. A fase inicial era feita praticamente sem trilho definido, uma subida super inclinada até chegar a um estradão que cruzámos para continuar a subir... Logo de seguida temos uma zona plana mas que pouco dura, ao fim de 1 quilómetro atravessamos a estrada e nova subida até ao abastecimento. Deixei o gel que tinha acabado de tomar e sigo para uma ligeira descida de 200mts e continuação da subida! Apesar de curta, a descida fez-me bem, consegui aproveitar o balanço e fazer a subida praticamente toda a correr, metendo a passo só mesmo na fase final! Depois foi a descida enorme do ano anterior... Quase sempre em estradão, com umas subidas muito curtas pelo meio e chegamos à Pombeira, local do último abastecimento. Aí o meu pai diz-me que mantenho os 10' de atraso para o Pedro e o Gomes! Apesar de me estar a sentir bem acabei por não ganhar tempo nenhum, tinha que arriscar mais, dali até à meta tinha que ser completamente a fundo... Disse ao meu pai que estava bem e que ia apertar e segui!

Chegada ao último abastecimento
A partir daqui a prova era quase toda a direito ou a subir... E como ainda me sentia com pernas, tentei nunca meter a passo! Durante as fases junto ao rio, praticamente planas, conseguia meter ritmos abaixo de 4'30'' e sempre que era a subir reduzia um bocadinho mas não muito! Ia pedindo para passar e toda a gente cedia passagem e davam apoio... Quando assim é, até dá mais alegria correr naqueles trilhos! Sentia o cansaço a chegar mas faltava tão pouco! O último quilómetro era igual ao ano anterior e quando faço a viragem onde vi o Vitor em 2016, percebo o quão perto estou e arranco para um final que não me deixando satisfeito, me deixou ótimas indicações para o que aí vem!

Após a chegada, já com o Luís Graça, no fim da minha irmã me ter tirado o chip!
Quando chego ao fim, vejo que recuperei 4 minutos para o primeiro, mantenho a distância do Pedro e recuperei 4 minutos para o Gomes. Foi uma ótima ponta final, sempre com "ganas" de fazer melhor e que deixaram ótimas indicações para quem já tinha feito cerca de 30kms a bom ritmo, logo na semana após Grândola. Não tendo cumprido com tudo o que queria, porque idealmente queremos sempre ganhar, cada vez me sinto mais próximo do objetivo e com vontade de treinar mais e mais para lá chegar. A nível coletivo a prova foi praticamente perfeita, com um 2º, 4º e 6º, somando 12 pontos em relação aos 16 pontos do CAFZ. Muitos parabéns a toda a equipa! Agora resta esperar pelos resultados finais da qualificação para a Taça de Portugal Lacatoni para poder preparar o último objetivo da época.

Pódio coletivo do Trail do Zêzere
Em relação ao resumo, eu sei que não está o habitual, não está muito "minucioso" mas a cabeça neste dia não dava para mais... Prometo para a semana já sair mais "normal" com o resumo do IberLince de Barrancos. 

Para finalizar, falar da organização: com um percurso praticamente dizimado pelas chamas conseguiram cativar a atenção de todos os atletas para o problema que afetou o país este ano, se é que ainda não estava cativada! A organização em si esteve ao seu nível habitual, alto, com boas marcações, percurso diversificado, elementos da organização ao longo de todo o percurso para evitar falhas e o abastecimento final (o único que vi) bastante completo! Obrigado por todo o esforço em levantarem esta prova! 

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